Economias e Jabuticabas

Um país com mais de 300 anos sob o domínio colonial herda muitas marcas. Creio que no Brasil uma das principais heranças seja o colonialismo intelectual. Todo brasileiro é capaz de levar a sério idéias completamente idiotas ou inapropriadas ao tema, desde que tenha o aval dos “superiores” cérebros do norte.

Um dos exemplos mais caricatos se dá com a chegada da corte ao Brasil em 1808. Junto com objetos absolutamente inúteis ao clima tropical como casacos de pele e esquis para a neve, as senhoras da corte trouxeram lencinhos na cabeça para disfarçar a careca provocada por uma infestação de piolhos. O mais hilário é que as damas do Rio de Janeiro passaram a utilizar lencinhos na cabeça, imitando as portuguesas recém chegadas, sem saber que na Europa era coisa de pessoas piolhentas!

Na economia não é diferente. Basta um sujeito pensar diferente dos modismos do norte que já é olhado com desdém. “Onde já se viu ignorar as mais “modernas” idéias das grandes universidades americanas?” O termo pejorativo utilizado quando um economista brasileiro pensa sem pedir licença aos seres civilizados do norte é “jabuticaba”. Para nossos americanizados economistas, a deliciosa frutinha seria motivo de vergonha simplesmente por ser um produto tipicamente brasileiro.

O engraçado é que adoro essas frutinhas negras. Sou capaz de comer baldes inteiros de jabuticaba sozinho! Para mim, é uma das coisas mais deliciosas que existem!

Sou um amante das jabuticabas, tanto das frutas quanto da capacidade dos brasileiros em ter idéias novas. Por isso, este blog é uma homenagem singela a um dos maiores patrimônios nacionais: as jabuticabas!

terça-feira, 17 de março de 2009

Ônibus 174

Ônibus 174, do diretor José Padilha, o mesmo de Tropa Elite, é sem dúvida a obra-prima do autor. A pretexto de mostrar as nunces da tragédia do ônibus 174, que foi seqüestrado em 2001 resultando na morte de seqüestrada e seqüestrador, José Padilha nos mostra toda a crueldade de nossa sociedade.

Entrevistando seqüestrados, policiais, especialistas em segurança pública e familiares do seqüestrador Sandro Nascimento, o cineasta mostra o descaso com todos os excluídos desse país. É estarrecedor o modo como abandonamos as pessoas consideradas o “lixo” da sociedade e o desleixo com os serviços públicos.

Enfim, Ônibus 174 é obrigatório para entendermos tragédia cotidiana do Brasil, que tem eliminado toda a nossa sensibilidade. Hoje não é mais possível viver bem neste país e sem não ter um coração gelado.

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