Economias e Jabuticabas

Um país com mais de 300 anos sob o domínio colonial herda muitas marcas. Creio que no Brasil uma das principais heranças seja o colonialismo intelectual. Todo brasileiro é capaz de levar a sério idéias completamente idiotas ou inapropriadas ao tema, desde que tenha o aval dos “superiores” cérebros do norte.

Um dos exemplos mais caricatos se dá com a chegada da corte ao Brasil em 1808. Junto com objetos absolutamente inúteis ao clima tropical como casacos de pele e esquis para a neve, as senhoras da corte trouxeram lencinhos na cabeça para disfarçar a careca provocada por uma infestação de piolhos. O mais hilário é que as damas do Rio de Janeiro passaram a utilizar lencinhos na cabeça, imitando as portuguesas recém chegadas, sem saber que na Europa era coisa de pessoas piolhentas!

Na economia não é diferente. Basta um sujeito pensar diferente dos modismos do norte que já é olhado com desdém. “Onde já se viu ignorar as mais “modernas” idéias das grandes universidades americanas?” O termo pejorativo utilizado quando um economista brasileiro pensa sem pedir licença aos seres civilizados do norte é “jabuticaba”. Para nossos americanizados economistas, a deliciosa frutinha seria motivo de vergonha simplesmente por ser um produto tipicamente brasileiro.

O engraçado é que adoro essas frutinhas negras. Sou capaz de comer baldes inteiros de jabuticaba sozinho! Para mim, é uma das coisas mais deliciosas que existem!

Sou um amante das jabuticabas, tanto das frutas quanto da capacidade dos brasileiros em ter idéias novas. Por isso, este blog é uma homenagem singela a um dos maiores patrimônios nacionais: as jabuticabas!

terça-feira, 17 de março de 2009

Investimento Externo

O investimento externo é apontado por muitos como uma saída para o subdesenvolvimento brasileiro. Não foram poucas as tentativas de ancorar o crescimento da economia com investimentos externos, tanto o II PND, como o Plano Real utilizaram os capitais externos para superar “o problema da baixa poupança interna”.

No entanto, uma análise mais cuidadosa dos mecanismos do investimento externo mostrará que não foi por acaso o fragoroso fracasso dos dois planos em promover o desenvolvimento sustentado.

A questão principal é que os capitais estrangeiros não podem ser utilizados indiscriminadamente, principalmente objetivando complementar a poupança interna. Isto porque a formação de poupança pode perfeitamente prescindir dos capitais externos, pois a expansão do crédito (por meio do mecanismo conhecido entre os economistas como multiplicador bancário) e o déficit público podem gerar o poder de compra necessário aos investimentos.

Desta forma, os investimentos externos teriam dois papéis primordiais: o financiamento complementar de bens de capitais estrangeiros, que também podem ser financiados pela exportação, e a adoção de novas técnicas produtivas, não disponíveis às empresas nacionais.

O problema dos investimentos externos é que 70% são gastos exclusivos em reais, especialmente gastos com construção civil, que não necessitam de dólares. Assim, os capitais externos em excesso podem pressionar o câmbio, reduzindo a competitividade de nossas exportações e “roubar” parte dos investimentos dos empresários brasileiros.

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